quinta-feira, 13 de maio de 2021

Necessárias, mas chatas prá caralho!

 

por Edson de França*

 

Mais que instituição de formalidade institucional, a reunião é, antes de tudo, o instituto basilar da burocracia. Os burocratas, sejam de estabelecimentos privados ou públicos, adoram contar com esse instrumento entre os seus mais caros modus de administrar uma equipe.

A rotina dos homens do mundo corporativo é preenchida com a participação em reuniões. No setor público, sempre que um “pajé de ocasião” tem um “nada a dizer” convoca uma só pra manter a sua “fama de mau”.

Não sei como funcionam as grandes reuniões de negócio, onde milhares ou milhões de dinheiros são negociados e grandes acordos financeiros-produtivos firmados.

Conheço reuniões de emprego – quando alguém debulha suas qualificações profissionais para outrem que oferece uma oportunidade de trabalho -, de grupos – como os festivos encontros da rapaziada barulhenta dos clubes de jovens; da formalidade estatal – quando um chefe de um poder recebe chefes de outros poderes ou representações do mundo corporativo e, finalmente, das reuniões intra-organismos.

A maioria absoluta das reuniões são orientadas por uma pauta pré-definida, geralmente atendendo a alguma intercorrência ocorrida na rotina norn

Por principio, a reunião é uma ocasião pré-determinada administrativamente para apresentar, estudar ou discutir determinado assunto relativo a rotina institucional. Faz parte do manual, digamos, dos administradores e das rotinas administrativas, aquele conteúdo básico que se aprende nas escolas de formação de chefetes e lideres de qualquer ordem.

Consta do repertório de procedimentos a que se recorre para promover certa coesão entre as determinações gerais e as condutas particulares, unificar procedimentos, comunicar inovações e equacionar problemas e diminuir ruídos relacionais ou de produção do trabalho.

Reuniões deveriam atender a necessidades especificas, ou seja, cumprir a missão de, uma vez reunido um contingente funcional, provocar o entendimento e a concertação entre os atores. Compor uma situação de comunicação em si que seja, ao longo do tempo, convertida em ações; ações que, ao fim, venham a contribuir para a produtividade no trabalho e também para a redução dos hiatos relacionais.

Fora tudo isso, o básico, a reunião torna-se apenas uma contingência, um “sei que lá”, sem qualquer atributo que a qualifique ou demonstre sua existência e utilidade. Se ela não consegue influir, ao fim da ritualistica, na condução dos propósitos de uma aglomeração humana voltada para a produção, nada feito.

Muitas reuniões só existem por existir. Complementam o estatuto do ócio operacional das organizações. Pecam pela falta de objetividade. Se primassem pelo dado objetivo, muitas pautas de reuniões poderiam ser mortas por mensagens diretas, utilizando a acessibilidade das redes. Em muitas outras, se o critério da objetividade fosse cumprindo, evitando-se a extensão do discursos e das intenções natimortas, não durariam mais que meia hora (ou menos) cada uma.

*Jornalista, cronista e poeta.  

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