por Edson de França*
Mais
que instituição de formalidade institucional, a reunião é, antes de tudo, o
instituto basilar da burocracia. Os burocratas, sejam de estabelecimentos
privados ou públicos, adoram contar com esse instrumento entre os seus mais
caros modus de administrar uma equipe.
A
rotina dos homens do mundo corporativo é preenchida com a participação em
reuniões. No setor público, sempre que um “pajé de ocasião” tem um “nada a
dizer” convoca uma só pra manter a sua “fama de mau”.
Não
sei como funcionam as grandes reuniões de negócio, onde milhares ou milhões de
dinheiros são negociados e grandes acordos financeiros-produtivos firmados.
Conheço
reuniões de emprego – quando alguém debulha suas qualificações profissionais para
outrem que oferece uma oportunidade de trabalho -, de grupos – como os festivos
encontros da rapaziada barulhenta dos clubes de jovens; da formalidade estatal
– quando um chefe de um poder recebe chefes de outros poderes ou representações
do mundo corporativo e, finalmente, das reuniões intra-organismos.
A
maioria absoluta das reuniões são orientadas por uma pauta pré-definida,
geralmente atendendo a alguma intercorrência ocorrida na rotina norn
Por principio,
a reunião é uma ocasião pré-determinada administrativamente para apresentar,
estudar ou discutir determinado assunto relativo a rotina institucional. Faz
parte do manual, digamos, dos administradores e das rotinas administrativas,
aquele conteúdo básico que se aprende nas escolas de formação de chefetes e
lideres de qualquer ordem.
Consta
do repertório de procedimentos a que se recorre para promover certa coesão
entre as determinações gerais e as condutas particulares, unificar
procedimentos, comunicar inovações e equacionar problemas e diminuir ruídos
relacionais ou de produção do trabalho.
Reuniões
deveriam atender a necessidades especificas, ou seja, cumprir a missão de, uma
vez reunido um contingente funcional, provocar o entendimento e a concertação
entre os atores. Compor uma situação de comunicação em si que seja, ao longo do
tempo, convertida em ações; ações que, ao fim, venham a contribuir para a
produtividade no trabalho e também para a redução dos hiatos relacionais.
Fora
tudo isso, o básico, a reunião torna-se apenas uma contingência, um “sei que
lá”, sem qualquer atributo que a qualifique ou demonstre sua existência e
utilidade. Se ela não consegue influir, ao fim da ritualistica, na condução dos
propósitos de uma aglomeração humana voltada para a produção, nada feito.
Muitas
reuniões só existem por existir. Complementam o estatuto do ócio operacional
das organizações. Pecam pela falta de objetividade. Se primassem pelo dado
objetivo, muitas pautas de reuniões poderiam ser mortas por mensagens diretas,
utilizando a acessibilidade das redes. Em muitas outras, se o critério da
objetividade fosse cumprindo, evitando-se a extensão do discursos e das
intenções natimortas, não durariam mais que meia hora (ou menos) cada uma.
*Jornalista, cronista e poeta.
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