quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Nas entrelinhas da notícia




por Edson de França*
A notícia

dava conta que um grupo de moradoras de endereço nobre da capital, o charmoso Cabo Branco, teriam procurado a vereadora Helena Holanda, pessoa ligada às causas das pessoas com deficiência, para "recomendar" o deslocamento de um projeto de inclusão, desenvolvido no local. A justificativa apresentada por elas é que a presença daquele publico no local, aos sábados, além de enfear, tiraria o sossego dos "ilustres" moradores.

Soou

surreal. Tanto que algumas pessoas chegaram a duvidar da veracidade da informação, creditando-o a um possível marketing eleitoreiro por parte da denunciante. Sou dos que apostam na veracidade do fato. Não duvido da ardilosidade de nossas "elites" em compor enredos, a sorrelfa, dignos de uma roteiro de bizarrices e abjetividades para Pasolini filmar. Pergunte-me ao final que são realmente os deficientes. Os que buscam por dignidade ou aqueles que abusam da prepotência, teoricamente tendo tudo nas mãos, inclusive, o direito de serem agressivos e desrespeitosos com a condição humana?

Concordei

com todas as análises feitas por profissionais e internautas sobre o comportamento das corocas do Cabo Branco ao propor o fim de uma ação social em prol da inclusão da pessoa com deficiência. Quem ergueu a voz ou empunhou a pena tocou na ferida. Verifica-se nas entrelinhas do ato a escândalos idade de uma mentalidade preconceituosa, higienista, excludente e arcaica. Ela anda sempre se fingindo de morta. Momentos, porém, como o atual parece favorecer o seu arrogante desabrochar.


Outra

proposta indecorosa das quatrocentonas senhorinhas, de acordo com a vereadora, seria a instalação de portões para isolar a praia, ou seja, criar um ambiente de acesso restrito. Uma praia particular. Não me surpreende. Pelo desejo supremo da nossa caquética elite da capital com seu impróprio nome, o tal muro ou portão deveria ser estrategicamente colocado a altura da rua Tito Silva, nas proximidades do Clube Cabo Branco. Assim a ralé, salvo talvez a descida dos blocos onde a "massa" serve pra fazer números e bater recordes de público, só teria acesso nos dias úteis a trabalho. Muito mal pago, diga-se de passagem.

A busca

pela otimização do atendimento aos usuários dos serviços de saúde passa obrigatoriamente pela qualificação dos profissionais. Isso é fato. Porém, há outra preocupação que começa a se expandir no meio que é a atenção ao bem estar desse segmento. A consciência que se forma é que um profissional desequilibrado, física e mentalmente, atuando em um ambiente estressante não rende bem. Assim como, um local onde possam relações humanas insalubres não rende boa produção por mais qualificação ou destreza laboral que o profissional ostente.

Ações

é que não faltam nesse sentido. O "Cuidando do Cuidador" é uma das iniciativas que atendem a essa necessidade. A proposta do movimento é introduzir técnicas de autoconhecimento, aliadas a práticas integrativas, para promover a saúde integral dos profissionais da saúde. Seguindo essa inspiração, o Hospital Santa Isabel, de João Pessoa, criou o “Espaço Florescer” para realizar procedimentos terapêuticos de apoio a saúde física e mental dos servidores.

Mais uma

iniciativa partiu da Secretária de Saúde de Cabedelo, via Coordenação de Saúde Mental, que na última semana detonou um processo de multiplicação de promotores de saúde mental, uma alternativa possível para o arejamento dos ambientes de trabalho com a saúde. São propostas e ações direcionadas, preponderantemente, a saúde do trabalhador, mas sobretudo ao atendimento dispensado ao usuário final dos serviços de saúde. Investir na humanização é levar em conta todos os elos da corrente.

*Jornalista, cronista e poeta