sexta-feira, 30 de maio de 2008

Abraço aos nômades

Gente de passagem, passageiros
Como beija-flores batendo asas
Até atingir a evanescência

Gente que nos olha, e chora
E ri dos mesmos motivos
Que nos move e aproxima

Gente que abraça, e beija a boca
E sai feliz, numa celebração de vida
Anima de pirata que nos saqueia
com carinho, malícia

Gente que nos penetra
Com sua alegria, seus cuidados
Suas atenções descompassadas e ilógicas

Gente que nos recebe, e
Traz o copo d´água do pote
Bendita pela amizade e pelo encontro

Gente que vem, e vai
Exultantes, exulberantes
Como a aparição do arco-iris
Numa dessas tardes gris.

Esperando

Paramento-me
Espero a tempestade
Como um copo, um acorde solto,
Sem solução, ou melodia vaga

Há solidão e solidez do segundo impenetrável
Nenhuma carícia, riso, aceno
ou prenúncio favorável

Sob a pele, ainda, um argumento chulo
Como uma fonte pétrea, uma luz mortiça
Que parcamente ilumina...

(De pele, essa couraça de repelir lágrimas)

Choro, enfim, por dentro
Como um rio que transborda, sangra e fere
Essas margens imaculadas.