terça-feira, 28 de outubro de 2008

Prova!

Prova!

Bastam-me os sabores da palavra
A saliva, doce,
Tinta-anis
O embate, o amor
Uma Praga revisitada
Um 68 agridoce
Essa insustentabilidade.


Bastam-me a fixação do olhar
A lágrima, o sal
Grafite-gris
frescor de conquista nova.

Grito

Cercanias do medo
Colapso, estertor
Espasmo, câimbra
Rua, rua escura
Ponte, ponte dos homens
Nenhum passante pra ver a pantomima, o desteatro
O terror, o lancinante imblóglio
Só a solidez da solidão, esse muro
Essa caveira e seus olhos vivos a postos.

Data

Folha
Vôo
(ritmo, inexorabilidade)

Não pára na esquina,
Não

Não Conversa com estranhos
Não

Não espera na estação qualquer de um lugarejo apátrida.
nada por entre os sulcos
Do tempo
(face)


Vaga
(ampulheta- amarelidão)
Não dá ouvidos pros rogos
Mãos
Preces mortais

Quer o prazer de ser efêmera
Vaza por entre os sulcos
Do tempo
(face)

Costura rota para amores tardios

O poema saiu roto
Calça jeans envelhecida
(vestida)
Por uma mulher de lua
(farsante)
Prata, prata, perfídia
Perda-pingente.

O poema saiu-me torto
Bananeira incrustada
(apensa)
Nas encostas de um qualquer lugar
(radiante)
Verde, verde que te quero
Luz- abismos.

O poema saiu morto
Cachorro sarnento, vadio
(sarjetas)
De onde emanavam miasmas
(torrentes)
Negros, blues, furtacores
Vinda-vida.

O poema saiu-me absorto
Libélula de metal voraz
(sede)
Ziguezague espalhafato
(vertente)
Rosas, marrons, carvão
Corrente-totem.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

sem título

A bala abala a lingua, a boca
o doce exótico limão
quem toca nao fica de touca
mal de amar é solidão.

ouvendo o mundo criança (poema)

a palavra galinha
tinha sabor de criancice
e dentes cor de açafrão.
era de obliqua forma
tingida de elegante amarelo-girassol.

No mundo adulto,
já de fantasia desnuda,
o melão de são caetano tinha lá sua graça.

Momentum (poema)

sei quem sou
vejo-me no espelho,
esqueço. Às vezes
armo um escárceu
um parque assistematico
ando com gente que me entende
e outras a quem nao desejo decifrar
nem me ponho ao natural
tomo todas, mas
é melhor nao tocar nisso por hora
(tomemos a próxima!)
Hoje a embriaguez há de nos pertencer.

sábado, 4 de outubro de 2008

Sábio Shaw para um sábado

"As pessoas que vencem neste mundo são as que procuram

as circunstâncias de que precisam e,

quando não as encontram,

as criam". Bernard S. Shaw

.......

fazer uma proeza de lascar o cano
entrar no circo e rasgar o pano
alegria de palhaço e fera
e ver o circo pegar fogo
pois nem tudo o que manda a vida
tem-se que estar de acordo.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Carolice

Nunca mais tive coragem de participar de concursos de poesia, ou literários de qualquer ordem. Um misto de indolência e preguiça. Quando recebo a informação de que um novo concurso está abrindo inscrições me empolgo. Por um segundo ou dois. Depois que olho as regras, os procedimentos para se candidatar aos prêmios, desisto. Pelo trabalho e pelos prêmios. Premiação dos concursos é irrisória. A grande maioria serve tão somente prá você acumular no seu currículo, um primeiro, segundo ou terceiro lugares ou uma menção honrosa. Nada contra os concursos, sou até entusiasta deles, mas nao tenho muita disposição em participar. Participei de vários durante a vida. Talvez por escrever mal, nunca tive a chance de abocanhar um primeiro lugar. Para não passar a história como um escrevinhador bissexto que jamais ganhou um prêmio em concursos, fui agraciado com um segundo lugar em um promovido pelo Sesc, do qual nao me lembro o ano, mas mantenho uma plaquinha em latão amarelo para provar. Reproduzo aqui o poema vencedor, tão somente como forma de registrar o feito; pmieiro aqui, depois em algum livro que por ventura venha a lançar.

Carolice

Não casou
emagreceu por livre e expontânea
I
N
F
E
L
I
C
I
D
A
D
E
aos quarenta era uma senhora bruxa
ao natural
sem a graciosidade dos biscuits
que enfeitiçam paredes.