quinta-feira, 9 de abril de 2020

MULHER, SEMPRE

  • "Eu me pertenço", gritou
Para quem ousasse ouvir.
Negra, mãe, serviçal
De uma casa burguesa qualquer

Nobreza trazia na postura,
Ereta, ônibus repleto, cheio
Era segunda-feira
Dia de recomeçar.

No fim da lida, 
outra vez casa sofrida
O marido, os filhos, a vida
Dura de se levar …

Quedada, submissa, clamava
  • "Eu me pertenço", gritou
Ouvidos insensíveis da rua.

(Edson de França)

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