- "Eu me pertenço", gritou
Para quem ousasse ouvir.
Negra, mãe, serviçal
De uma casa burguesa qualquer
Nobreza trazia na postura,
Ereta, ônibus repleto, cheio
Era segunda-feira
Dia de recomeçar.
No fim da lida,
outra vez casa sofrida
O marido, os filhos, a vida
Dura de se levar …
Quedada, submissa, clamava
- "Eu me pertenço", gritou
Ouvidos insensíveis da rua.
(Edson de França)
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