sábado, 13 de outubro de 2012

Edições para amanhã




           O jornal impresso é um meio de comunicação caduco. Decrépito mesmo. Vem mal das pernas desde que os meios eletrônicos tomaram de vez a vanguarda jornalística. Processo baseado na técnica que tirou dos jurássicos diários de papel a primazia da informação quente (o “furo”) e da opinião que influenciava as massas.
Dilema instalado coube aos amantes do papel-jornal, do burburinho das redações e do barulho das rotativas procurar soluções editoriais para garantir sobrevida ao jornal. Infelizmente, ao que parece, sem sucessos dignos de nota.
            Do mundo acadêmico emergiu a solução da recorrência ao estilo interpretativo, uma forma ousada de incorporar à produção jornalística o incremento da investigação e da narrativação contextualizada. Solução que, infelizmente esbarra nas fragilidades estruturais e financeiras das nossas empresas e na falta de profissionais para formar equipes competentes para produção. Além, claro, da previsível pouca aceitação dessa forma de jornalismo pela população, notadamente “indisposta” a leituras mais contextuais.
            O jornal impresso é um meio de comunicação caduco. Decrépito mesmo. Vem mal das pernas desde que os meios eletrônicos tomaram de vez a vanguarda jornalística. Processo baseado na técnica que tirou dos jurássicos diários de papel a primazia da informação quente (o “furo”) e da opinião que influenciava as massas.
Na seara das corporações midiáticas as soluções passaram pela transformação dos jornais em espaços promocionais tipo assine-e-leve um brinde e, finalmente, pela decadência contextual que deu vida aos tablóides sensacionalistas que invadem as praças de quase todo o país.
Como se vê duas soluções opostas. Uma prezando pelo aspecto editorial de conteúdo e a outra pelo aspecto mercadológico.
            As duas soluções, contudo, se afinam em um ponto: o alvo é o público médio consumidor de informação jornalística. É ele o perseguido, em prol de quem se fabrica informação jornalística. Um público que não tem exatamente uma cara, mas que tem um perfil médio, medido a força de suposições, pré-conceitos ou números suspeitíssimos (porém, objetivos como todos os números) sobre desejos e aspirações informacionais bem medianas.
Um – o acadêmico – querendo investir na subida do nível cultural do publico através da informação. Paradigmaticamente, buscando a valorização conceitual da capacidade cognitiva de apreensão, compreensão e criticidade. O outro, por pura razão de sobrevivência, detectando e explorando no público seus mais gostos mais bizarros, seu analfabetismo funcional e a pressa do mundo moderno que desconsidera reflexões mais contextuais e aprofundadas.
Quando as coisas chegam ao ponto de detectarmos extremidades inconciliáveis é tempo de novas proposituras. Nelas talvez esteja a solução para dilema do jornal impresso – quiçá ate do velho jornalismo como um todo. Envelheceram juntos o jornal impresso e o jornalismo. Não importa qual a plataforma usada o fato é que a prática jornalística está sendo posta em cheque a cada fim de ciclo.
O que se esperar, então, de cada nova edição impressa? Que papel cumpre hoje instituição jornalismo que, de uma forma ou de outra, formatou o perfil do cidadão no mundo industrial e serviu de fomento às sociabilidades modernas? As novíssimas plataformas são o suporte ideal para a prática de jornalismo digno às aspirações dos cidadãos de um mundo que se mostra cada vez mais complexo? Caímos por fim numa era de voracidade informacional que desabilita o cidadão de ler seu próprio tempo? Será que essa leitura não é mais necessária, uma vez que a necessidade básica é consumir e descartar, sem digerir, sem matutar, sem ruminar ?
Perguntas para profissionais. Perguntas para especialistas. Perguntas para estrategistas. Não importa o nível de qualificação de um ou outro. O que importa, fundamentalmente, é estarmos todos atentos para as qualidades, defeitos e potencialidades das edições do amanhã.

por Edson de França


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