Os cursos de terceiro grau
no Brasil representam, medianamente, a realização para muitos concidadãos.
Todo, mais todo mundo mesmo, que conseguiu passar em um vestibular, seja para
universidade top ou inqualificável, comemorou às pampas.
Primeiro por ter galgado o
patamar máximo da educação média, depois pelas perspectivas de aprendizado
profissional, sucesso, ascensão sócio-econômica e etc. O coquetel básico para
mentes medianas. Alguns semestres cursados depois, as opiniões sobre os superiores
se dividem.
Uma enquete rápida com o
alunado certamente colherá indícios de frustração, críticas bem adolescentes
pelo teor superficial e, nos casos mais graves, flagrantes inadequações
pessoais às rotinas do ensino universitário.
Rigorosamente, o recém ingresso
nos cursos tem apenas um semestre para maquinar e descobrir, per si, qual é a do ensino dito
superior. Nesse tempo, safamente, o indivíduo tem que sacar as rotinas, o nível
de estudo que ali se pratica, as relações que se estabelecem entre docentes e
discentes, acostumar-se ao “desregramento produtivo”, ao disciplinamento de sua
agenda de estudo e vida social, às condições postas de dialogicidade, ao
estabelecimento de parcerias e etc.
Sobretudo, entender que
está só. Que até as relações amistosas que estabelece com os colegas não vão
lhe valer na hora em que tiver de dar respostas pessoais, coerentes e
integradas.
E esse não é um processo
simples. E não o é, sobretudo, pela imaturidade que as séries anteriores plantaram
no comportamento dos indivíduos. É que a nossa educação começa pelas “tias” com
seu bando de “mimadinhos”, de onde os piás já partem desaprendidos de segurança
intelectiva.
Num segundo momento, lança
o ente aprendiz, de supetão, na idade da “rebeldia”. Contraditoriamente, a fase
que direciona o indivíduo para todo aprendizado mundano e pouco, muito pouco,
para uma formação mais consistente e autônoma.
Aqui, a rebeldia significa
afronta gratuita e desacato a tudo e todos (sobretudo à escola) e aprendizagem
enviesada, conservadora em conteúdo e soluções pedagógicas. Outra vez lá vamos
nós, brasileiramente jeitosos, nos resumindo às corrupções escolares, aos
pactos pela “mediocridade” do ensino tutelado.
Já a aprendizagem em nível de 3º grau se dá
pela disponibilidade pessoal para aprender.
Aprender, no caso, ganha
expressão de experimentar, empreender, gostar de ler, ter desenvolvido ao longo
da vida escolar a capacidade de absorver e entender o que foi lido, de ter
antecipado etapas, roçando conhecimentos além do cardápio oferecido pelos
conteúdos curriculares, de competência na reprodução do que aprendeu, repassar,
confrontar ideias e por aí vai.
Se alguém, por acaso, sai
de um curso superior e tem coragem de dizer que por lá não aprendeu nada, deixa
claro, sim, que não deveria era ali ter entrado. Melhor, demonstram claramente
que, em muitos casos, o curso superior entre nós virou um adereço social, um
souvenir, e não um passaporte para uma compreensão realmente superior da realidade
e da força de intervenção socio-estrutural da área de domínio.
Para coisas práticas,
busca desenfreada de alguns oligofrênicos, cursos de fuxico e amenidades seriam
bem mais aprazíveis. Satisfação garantida durante o percurso e maiores
sensações de realização no final.
por Edson de França
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