Dos debates em salas de aula
aprendemos, sob toda a tensão gerada pela provocação dos nossos mestres
mediadores, abalizar as opiniões emitidas. Talvez pela condição tête à tête das pelejas na ágora e pelo
caráter “teórico-científico”
empregado, tinha-se um respeito naturalizado pelos próprios brios e, sobretudo,
pelo dos outros. Tinha-se medo da vergonha pública, mesmo em grupo tão pequeno.
Acalorava-se algumas vezes, é bem verdade. Noutras vezes, alguém era flagrado na mais pura ingenuidade dos intentos, incorrendo em posicionamentos simplórios e diatribes estabanadas. Alguns eram fãs do achismo aberto, baseando suas opiniões basicamente na altura dos seus umbigos. Outros, como eu, tímidos quase pusilânimes, eram expectadores... talvez por extrema timidez, talvez por incapacidade de formulação, talvez por puro desconhecimento, talvez...
Acalorava-se algumas vezes, é bem verdade. Noutras vezes, alguém era flagrado na mais pura ingenuidade dos intentos, incorrendo em posicionamentos simplórios e diatribes estabanadas. Alguns eram fãs do achismo aberto, baseando suas opiniões basicamente na altura dos seus umbigos. Outros, como eu, tímidos quase pusilânimes, eram expectadores... talvez por extrema timidez, talvez por incapacidade de formulação, talvez por puro desconhecimento, talvez...
A emissão
de opinião pode ter duas origens. Surgem do conhecimento e da análise, o que
dá segurança e dificuldades de contestação; ou brotam da “segurança” adquirida
pela ilusão do (pouco) saber ou pelo exercício banal e gratuito da língua de
pau dos palradores. No ultimo caso, a responsabilidade pela opinião e a estabilidade
dos argumentos são elementos ausentes na equação.
Assistimos
nos últimos tempos, em muito motivado pela onipresença das redes sociais, o exercício
público e massivo da emissão de opinião. Digo em muito, porque defendo a tese
de que tal volume e nível de mentes opiniosas e respectivos produtos conceituais
sempre existiram. A rede só fez expô-los e, ao mesmo tempo em que uns perderam
a vergonha; outros, ladinamente, utilizam-se dos véus para emitirem juízos tortuosos
sob a grossa couraça do anonimato.
Não que
isso seja mal. Ao contrário, representa a multiplicidade saudável dos
posicionamentos. O porém é que, acompanhando a horda opinativa, desfilam a inexperiência,
a má fé, a precocidade dos apressadinhos, os interesses escusos, a falta de
visão analítica e outros males parecidos dessa odiosa família.
Tirou-se
da vitrine, em muito, a opinião dos profissionais da imprensa e acadêmica que,
por décadas, foram hegemônicas, venderam a falácia da categoria do produto enquanto,
teoricamente, “faziam muitas cabeças” e orientavam pensamentos e comportamentos
coletivos. Essa era foi superada.
Hoje,
contudo, tanto a opinião dos colunistas como a opinião do desavisado parecem se
fundir ou seguir a mesma lógica. O amadorismo, atrelado a falsa impressão de ciência
que querem impor, parece ser a marca mais gritante da opinião em
nossos dias. Doutos de toda ordem ou de porra nenhuma se assemelham. Poluem o
debate público, querem impor suas razões a ferro e fogo, tem a mente voltada
para o dirigismo manipulador, caçam incautos prosélitos e, enfim, se esmeram
cada dia mais no superficialismo das formulações desabridas, descabidas e
pobres de teor analítico.
por Edson
de França
Nenhum comentário:
Postar um comentário