Edson de França*
Foi-se
o tempo em que a atitude mais natural em relação ao lixo produzido nas
residências era o “jogar fora”. O destino final dos resíduos de toda ordem eram
os lixões nas periferias das cidades. Locais insalubres e esquecidos que se
tornaram lar de insetos, roedores, urubus, em primeiro plano mas, sobretudo, de
uma fauna humana desassistida e faminta que buscava ali algum meio de
sobrevivência.
Talvez
devido às dimensões continentais, aos problemas estruturais e a própria educação
do povo, ainda tenhamos que conviver com locais dessa natureza. Sua existência,
contudo, se inscreve dentre as mazelas a serem extirpadas. Uma nova mentalidade
se impõe e, gradativamente, seremos forçados a adotá-la. Há uma necessidade
premente de mudança de hábitos, comportamentos e atitudes em relação ao lixo
nosso de cada dia.
É
preciso encontrar soluções que contribuam para o banimento total dos depósitos
de lixo a céu aberto e, sobretudo, considerar o potencial econômico dos
resíduos resultantes da coleta seletiva. Essa é uma demanda contemporânea para
o qual os governos e população, cada qual em seu limite de responsabilidades,
tem que fazer sua parte.
É necessário
estabelecer políticas públicas por um lado e, por outro, investir na educação
ambiental. Vontade politica e conscientização se irmanam nesse sentido. Processos
de coleta, com regularidade e método; critérios de seleção, nas residências,
cooperativas e, por fim, definição e estrutura da destinação final.
Há
soluções pipocando por toda parte. Há uma legislação federal que regulamenta e
aconselha as prefeituras a adotarem politicas que direcionem o tratamento com o
lixo no âmbito das cidades. Cooperativas de catadores se espalham pelo país a fora.
Mas esse círculo se fecha com a participação direta da população, já fazendo
uma seleção previa dos rejeitos produzidos em suas residências.
Abre-se
um novo panorama em relação a questão ambiental. Sabe-se hoje da urgência de
tomada de algumas providencias para melhorar a condição de vida, sem agredir
mais o planeta. Uma nova mentalidade tem que emergir, a causa
ecológica-ambiental não é mais uma bandeira defendida pela geração paz e amor.
O cidadão comum tem que sentir o peso do abandono dos cuidados com a
manipulação dos resíduos. O “lá fora”, definitivamente, não existe mais.
*Jornalista,
poeta e cronista
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