Diligente,
meu amigo Google (isso daria uma bela
canção de Raul!), me apontou alguns qualificativos. Uns muito bons. Inclusive
me considerei diletante pelos seus aspectos mais positivos, claro. Analisemos o
que me soprou o parceiro.
1. (Obsoleto) aficionado por
música;
2. (Extensão de sentido) amante das artes
e literatura;
3. quem se ocupa de um
assunto por gosto, como amador, e não como especialista;
4. quem muda com muita
frequência o objeto das suas atenções (o que, muitas vezes, está associado à
ociosidade); quem não mantém o foco em um assunto ao qual atribui prioridade
(ou em poucos deles) e o(s) abandona antes de alcançar objetivos palpáveis.
Dessas quatro
acepções, em pelo menos três me encaixaria. Assumiria, ou melhor assumo com
orgulho os qualificativos descritos. Explico. Curto música sem limites, amo
todas as formas de arte e cometo minhas literatices (eita, palavrinha
pejorativa!) e me ocupo, como artífice, de alguns fazeres (gastronomia, poesia,
música, serralharia e artes plásticas).
Como minha
sobrevivência não me exige dedicação integral a nenhuma delas, posso me permitir
brincar com essas expressões, distribuindo meus mimos e atenção a elas na hora
em que bem quiser. Nada me é exigido nesse tocante, nem por quem está fora, me
vê e me analisa, nem em minha consciência vaga. Deixei-me ficar por aí.
Contudo, pensando
em algumas situações que envolvem pessoas e atos reprováveis, do ponto de vista
profissional, apliquei à escandalosos comportamentos alheios a condição de
diletantes. Ao abuso do exercício do dilentatismo como descompromisso e
desleixo. Utilizei-a como sinônimo de entes desistentes e indecisos, porém mantive
a dúvida quanto à precisão daquele vocábulo para o caso.
Mas este foi o
motivo inicial da oitiva ao “pai dos burros” digital. Fiquei contente, após a
saciar a curiosidade com o achado, de minha sagacidade verbal e resolvi digerir
um pouco o conceito.
Pus a carapuça.
Encontrei-me, nu, em algumas situações de desistência e indolência. Mas como
toda auto-estima que se preza, acabei por me perdoar, deixando para o futuro
uma análise mais impessoal de minhas diletâncias não doentias, sobretudo
aquelas que, pela amplitude de alcance, acabaram por prejudicar pessoas ou os grupos
profissionais em que me insiro.
O diletantismo, na
sua pior acepção, é um vicio moderno, detectável com relativa facilidade nos
meios profissionais. Em meio a idéia de competitividade nos negócios e,
internamente, nos microcampos de trabalho, as pessoas se sentem impelidas a
portarem-se efetivas e (oni) presentes. Pior, sugerirem competências que, na
grande maioria das vezes, não passam de ensaios de fancaria.
Bem pior, porém, é
constatar após rápida convivência que os adeptos dessa fraude profissional não
passam de entidades rasteiras em conhecimento, em habilidades e, sobretudo, em
competências para exercer com afinco aquelas atividades a que se propõe
entusiasmadas num primeiro momento.
Por hábito, as
pessoas passam a assumir (ou presumir) aptidões para atuarem nas mais diversas áreas
e embarcam nos projetos sem a devida carga de humildade e sentimento de
colaboração. Após as decepções naturais advindas de seu despreparo, saltam do
barco, lavando as mãos, reclamando de deus e do mundo e, sobretudo, frustrados
em seus desejos malfadados de se destacar, afinal era esse o seu intento
inicial.
Entendo
profissionalismo como a capacidade de dominar uma área de atuação com a leveza
dos aprendizes. Ou seja, nada de orgulho e, sim, ciência do oficio e a
consciência de que não sabe muito, estando sempre apto a novos aprendizados. Além
disso, certa habilidade para adaptar-se a mudanças com tato e positividade.
Tudo, claro, com a plena ciência de que desistências por capricho ou
inadaptibilidade prejudicam a produção grupal e maculam o ser enquanto
profissional. Nada que condiga com o comportamento nocivamtente parasitário dos
diletantes de carteirinha.
No mais, mudar é
sempre necessário, preciso, vital, mas pular de posto em posto, sem gerar
contribuições e imprimir marcas é a antítese dos competidores e empreendedores.
É, em suma, um processo de auto-sabotagem que, por exercício deliberado e irresponsável,
espalha malefícios e contamina todo o tecido das linhas produtivas, descaracterizando
seus objetivos e metas.
por Edson de França
Nenhum comentário:
Postar um comentário