Antes que os apressadinhos interpretem mal minhas palavras devo adiantar que sou um defensor ferrenho da formação acadêmica, seja ela qual e de que forma for. Creio ser este um acréscimo fundamental na vida das pessoas, particularmente; e um ganho significativo no plano social.
Crescem as pessoas na sua condição crítica e ganha o mundo do trabalho com o ingresso de profissionais teoricamente competentes. Numa palavra, a educação superior ainda é uma espécie de “passaporte da cidadania” em sua plenitude. Algo que pode soar meio clichê típico de família mediana ou ditado dos tempos em que nossos pais sonhavam com o futuro do país e filhos doutores, mas é um dessas verdades com pouquíssimos questionamentos.
Na verdade uma formação superior ainda representa um ingresso (meio falacioso, é bem verdade) para mobilidade (leia-se ascensão) social e a garantia de incremento especializado no campo das atividades relativas aos serviços pra a coletividade. Paremos por aqui.
Ser favorável a formação acadêmica ampla e universalizada não é sinônimo de acedência com os caminhos que essa almejada “formação” vem trilhando em nosso país. Ou melhor, como vem sendo fomentada nos cursilhos de fim de semana, de curto período, ofertados a R$ 199,00, como se fossem as quinquilharias paraguaias ou chinesas do prestamista da esquina.
Claro que esses cursos servem a uma população que, através dos cursos de carga horária normal, não teriam condições de conseguir uma formação superior; também de capacitação de funcionários públicos em vias de ascensão dentro dos Planos de Cargos, Carreiras e Salários. Atendem, outrossim, ao objetivo de interiorização do ensino superior pelo país. Todas ações louváveis. Mas para aumentarmos os quadros de formados temos que fragilizar o ensino e a aprendizagem aos extremos?
O dado negativo da prática, porém, é que essa cruzada tem um caráter extensivo, como se tivéssemos que queimar etapas a qualquer preço para montarmos um exército imediatista de técnicos e “doutores” a disposição do mundo do trabalho. Creio eu que essa sanha custará às futuras gerações um preço impagável. Nada é intensivado nessas práticas, tudo tem que ser rapidinho, irrefletido. O país, em nome das demandas globais, precisa aumentar os quadros de profissionais ou, minimamente, de pessoas em sala de aula. Depois, por esse feito em números para dar conta ao mundo de que estamos estudando, nos qualificando. Para que, contudo, é a pergunta que fica.
Verifica-se correntemente uma descaracterização do adjetivo superior agregado ao item formação. A expressão “formação superior” embute certo pedantismo, é bem verdade, mas não é por isso que pode ser relegado aos aspectos de formação “a toque de caixa”, ou “fôrmação” pura e simples.
Para uma área de estudo, seja ela qual for, evoluir do caráter puramente técnico para o status de bacharelado ou licenciatura, foi preciso um mergulho profundo na tradição humanística, e a instauração de um diálogo permanente com esta é que serve de legitimação para a prática. E, creiam, isso não foi feito por estudantes extemporâneos e ocasionais, movidos tão somente por uma colocação má arranjada em um emprego publico. Ela demandou (e demanda) uma forte consciência profissional e uma noção exatíssima dos papéis, funções, atributos e representação social da profissão, ou seja, é muito mais que um cargo de terceira numa estrutura qualquer.
A “formação superior” pressupõe minimamente a justaposição de três competências e habilidades, a saber, as bases teóricas, técnicas e éticas. Afora isso, um pequeno, porém importante dado, que é a consciência profissional, ou seja, como já falamos, uma noção exata do papel social da profissão e uma clareza das funções para evitar desvios ou sub-exercicio da profissão escolhida em termos técnicos.
Conversando com profissionais tarimbados e engajados de algumas áreas básicas como educação e saúde (ironicamente, onde se localiza o filão explorado pelos mercadores do ensino), comecei a verificar regularidades em alguns depoimentos quando da análise da introdução e do desempenho dos “profissas” oriundos dos fast-courses (ou feitos “nas coxas”, como se dizia antigamente). O fato é que uma grande maioria não consegue delimitar seu espaço nas instituições, por desconhecer as próprias atribuições, limites de atuação e, até mesmo, de ler e se posicionar na cultura institucional. Isso ao cronista parece sério, uma vez estas são metas profissionais que não cabem às instituições ensinar e, ademais, leva-se tempo para aprender.
Não sei se é culpa exclusiva da formação fast-food, mas creio que o fetiche da formação e a promessa de um emprego vitalício numa área estratégica reduzem o papel-diploma de nível superior a não mais que um adorno kitsch numa parede desbotada. Totalmente desprovido da aura mística social que o envolve como ideal e, concretamente, da noção exata de profissionalismo e cidadania que dele poderia emanar.
Crescem as pessoas na sua condição crítica e ganha o mundo do trabalho com o ingresso de profissionais teoricamente competentes. Numa palavra, a educação superior ainda é uma espécie de “passaporte da cidadania” em sua plenitude. Algo que pode soar meio clichê típico de família mediana ou ditado dos tempos em que nossos pais sonhavam com o futuro do país e filhos doutores, mas é um dessas verdades com pouquíssimos questionamentos.
Na verdade uma formação superior ainda representa um ingresso (meio falacioso, é bem verdade) para mobilidade (leia-se ascensão) social e a garantia de incremento especializado no campo das atividades relativas aos serviços pra a coletividade. Paremos por aqui.
Ser favorável a formação acadêmica ampla e universalizada não é sinônimo de acedência com os caminhos que essa almejada “formação” vem trilhando em nosso país. Ou melhor, como vem sendo fomentada nos cursilhos de fim de semana, de curto período, ofertados a R$ 199,00, como se fossem as quinquilharias paraguaias ou chinesas do prestamista da esquina.
Claro que esses cursos servem a uma população que, através dos cursos de carga horária normal, não teriam condições de conseguir uma formação superior; também de capacitação de funcionários públicos em vias de ascensão dentro dos Planos de Cargos, Carreiras e Salários. Atendem, outrossim, ao objetivo de interiorização do ensino superior pelo país. Todas ações louváveis. Mas para aumentarmos os quadros de formados temos que fragilizar o ensino e a aprendizagem aos extremos?
O dado negativo da prática, porém, é que essa cruzada tem um caráter extensivo, como se tivéssemos que queimar etapas a qualquer preço para montarmos um exército imediatista de técnicos e “doutores” a disposição do mundo do trabalho. Creio eu que essa sanha custará às futuras gerações um preço impagável. Nada é intensivado nessas práticas, tudo tem que ser rapidinho, irrefletido. O país, em nome das demandas globais, precisa aumentar os quadros de profissionais ou, minimamente, de pessoas em sala de aula. Depois, por esse feito em números para dar conta ao mundo de que estamos estudando, nos qualificando. Para que, contudo, é a pergunta que fica.
Verifica-se correntemente uma descaracterização do adjetivo superior agregado ao item formação. A expressão “formação superior” embute certo pedantismo, é bem verdade, mas não é por isso que pode ser relegado aos aspectos de formação “a toque de caixa”, ou “fôrmação” pura e simples.
Para uma área de estudo, seja ela qual for, evoluir do caráter puramente técnico para o status de bacharelado ou licenciatura, foi preciso um mergulho profundo na tradição humanística, e a instauração de um diálogo permanente com esta é que serve de legitimação para a prática. E, creiam, isso não foi feito por estudantes extemporâneos e ocasionais, movidos tão somente por uma colocação má arranjada em um emprego publico. Ela demandou (e demanda) uma forte consciência profissional e uma noção exatíssima dos papéis, funções, atributos e representação social da profissão, ou seja, é muito mais que um cargo de terceira numa estrutura qualquer.
A “formação superior” pressupõe minimamente a justaposição de três competências e habilidades, a saber, as bases teóricas, técnicas e éticas. Afora isso, um pequeno, porém importante dado, que é a consciência profissional, ou seja, como já falamos, uma noção exata do papel social da profissão e uma clareza das funções para evitar desvios ou sub-exercicio da profissão escolhida em termos técnicos.
Conversando com profissionais tarimbados e engajados de algumas áreas básicas como educação e saúde (ironicamente, onde se localiza o filão explorado pelos mercadores do ensino), comecei a verificar regularidades em alguns depoimentos quando da análise da introdução e do desempenho dos “profissas” oriundos dos fast-courses (ou feitos “nas coxas”, como se dizia antigamente). O fato é que uma grande maioria não consegue delimitar seu espaço nas instituições, por desconhecer as próprias atribuições, limites de atuação e, até mesmo, de ler e se posicionar na cultura institucional. Isso ao cronista parece sério, uma vez estas são metas profissionais que não cabem às instituições ensinar e, ademais, leva-se tempo para aprender.
Não sei se é culpa exclusiva da formação fast-food, mas creio que o fetiche da formação e a promessa de um emprego vitalício numa área estratégica reduzem o papel-diploma de nível superior a não mais que um adorno kitsch numa parede desbotada. Totalmente desprovido da aura mística social que o envolve como ideal e, concretamente, da noção exata de profissionalismo e cidadania que dele poderia emanar.
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