Os comentaristas em geral, geralmente denominados de críticos ou analistas, vivem na corda bamba, ou melhor, no limiar do equívoco e da contradição. A régua que utilizam para embasar seus comentários é torta e viciada. Um sistema métrico baseado em sua própria “altura” e interesses imediatos. Suas crenças, ideologia e status circunstancial exaram no produto final de seus escritos.
Analistas de artes e sociedade em geral e, sobretudo, comentadores políticos padecem desse mal. Uma matéria chamada isenção é o ingrediente mais raro de entrar em suas receitas diárias. O irônico é que se vendem como esclarecedores de bastidores para a opinião pública.
Talvez por mexer com dimensões práticas da vida em sociedade e instituições, que incluem camadas sobre camadas de interesses, o comentário político sempre será “político”. Assim sendo embute o “medo” genuíno por parte do articulista em pôr em risco seu status pessoal, notadamente do ponto de vista financeiro.
Nem todos, claro, seguem a orientação e o posicionamento editorial da empresa em que atuam, os independentes, mas, grosso modo, sofrem pressão para se curvar às forças internas e externas que justificam seu ofício. A circunstancialidade determina
Com isso, diga-se sem medo, que mais que cobrir ou analisar, o “jornalismo opinativo” da política - ao lado do noticioso editado ao gosto do empregador - ajuda a erguer, estabilizar ou derrubar sistemas locais de poder. Quanto mais provinciana for a produção, mais imperativa essa tendência.
Antes e durante o ato solene de produzir suas resenhas, o comentarista aplica sua régua, medindo o impacto e a repercussão de seu escrito. Nesse exercício, a omissão, o exagero, a inversão, a formulação ou a desintegração de versões são recursos comuns largamente utilizados. Até a coerência é momentânea. A função é por pêlos na face imberbe, nua, da notícia. Macular a versão mais verdadeira que, afinal, por objetiva demais, costuma não ter graça alguma.
A sujeição dos comentaristas explica-se, então, pela imposição do “momento”. O comentarista lê e se inspira mais no ambiente capaz de afetar seus interesses imediatos que no conjunto objetivo da obra. Não é difícil flagrar as contradições dos comentaristas ao longo de suas carreiras. Infelizmente, em algum ponto o fazer profissional dos comentadores se confunde com a do político profissional, este último escolado em “jogos de versões” e posicionamentos oportunistas.
por Edson de França
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