Um peso!
Por várias vezes, no decorrer da
pandemia, o presidente JB se reuniu, pontualmente, com dois públicos. O povaréu
dos rincões do nordeste e os produtores rurais do Centro sul. Com os primeiros
fez reuniões a céu aberto, quando da inauguração de cacos de obras e, como é de
sua natureza, ignorou todas as recomendações sanitárias de uso de máscaras e
distanciamento social. Com isso talvez quisesse exortar o povo a também ignorar
as medidas de prevenção contra a Covid-19 e correr para trabalho, sob sóis a
pino e vírus galopante a fora.
Duas medidas!
Para o segundo grupo, os capitães do
agrobusiness, as reuniões acontecem sempre em ambientes climatizados, onde não
se dispensa os coffee breaks e a água mineral de boa procedência. A esses, a
pauta presidencial reservou, sempre, um pomposo “parabéns” pelo setor não
paralisar o Brasil durante a pandemia. Mas vem cá, salvo minha ignorância
vértebra, penso que o agro é um dos setores que menos propenso a promover
aglomerações em sua base produtiva. Bem diferente, creio, do comercio urbano
(mesmo o de produtos agro), do meio industrial e de algumas áreas dos serviços.
Desconhecimento, equivoco ou má fé explicam os parabéns do JB. X para as três opções.
Descrédito a galope!
Além das lamentáveis perdas de vidas
humanas, a pandemia de Covid-19, vai debilitar, em menor ou maior grau, muitos
setores. Ao menos, quero crer, servirá para lembrar e conscientizar a muitos
que o elemento gente é o motor real de todo engenho humano. Um desses setores a
saírem chamuscados da crise, certamente, serão os planos de saúde. Já se
percebia, há tempos, certo descrédito quanto a sua eficácia. A pandemia esta
agindo para aprofundar a desconfiança. A redução da renda para motivar o
desligamento de muitos. Cada vez mais, diante do colapso anunciado, a população
intui os planos de saúde como planos de vida. Enquanto menos se precisar de sua
cobertura e assistência, mantendo-se saudável, melhor para a sobrevivência dos
planos. Cuida-te que o plano cuidará de ti.
Sandice em massa!
Hoje o noticiário internacional dá nota
sobre o assassinato de mulheres em spas, casas de massagem, nos Estados Unidos.
O intrigante dos tristes episódios, segundo os relatos, é a origem das vitimas:
todas de origem asiática. Analistas atribuem, ate mesmo seguindo uma das linhas
de investigação policial local, que esses casos podem ações residuais do
discurso xenofóbicos do ex-presidente Trump (o homem do topete amarelo) em sua
pregação sobre o tal vírus “chinês”. Compreensível. Um líder deve saber do
alcance de suas palavras. Talvez sua fala não repercuta nem crie eco dentro de
sua casa, junto aos seus. Uma vez propagada sempre acabará caindo num terreno baldio
e vagabundo, propenso a executar ações homicidas por uma causa que às vezes nem
busca saber os porquês.
Ensandecidos
se atraem
Palavras
desequilibradas ativam os mecanismos da insanidade coletiva e individualizada.
Pode parecer expressão carregada, puro senso comum, mas a palavra percutida às
avessas, geralmente encontra com quem se afine. Como uma ordem de comando
lançada ao cérebro de forma intempestiva e violenta. Mal comparando, como uma
ordem de serviço vocalizada no ouvido de um recruta. Não há espaço/tempo para
reflexão. O terreno é extremamente fértil no vazio das mentes dos insanos, onde
é possível o concerto afinadíssimo entre os ideais, princípios, preconceitos,
desvios, reacionarismos e dogmas sociais de quem emite e quem recebe mensagens.
por
Edson de França (Jornalista, cronista e poeta)