por Edson de França*
A notícia
dava conta que um grupo
de moradoras de endereço nobre da capital, o charmoso Cabo Branco, teriam procurado a
vereadora Helena Holanda, pessoa ligada às causas das pessoas com deficiência,
para "recomendar" o deslocamento de um projeto de inclusão,
desenvolvido no local. A justificativa apresentada por elas é que a presença
daquele publico no local, aos sábados, além de enfear, tiraria o sossego dos
"ilustres" moradores.
Soou
surreal. Tanto que algumas pessoas chegaram a
duvidar da veracidade da informação, creditando-o a um possível marketing
eleitoreiro por parte da denunciante. Sou dos que apostam na veracidade do
fato. Não duvido da ardilosidade de nossas "elites" em compor
enredos, a sorrelfa, dignos de uma roteiro de bizarrices e abjetividades para
Pasolini filmar. Pergunte-me ao final que são realmente os deficientes. Os que
buscam por dignidade ou aqueles que abusam da prepotência, teoricamente tendo
tudo nas mãos, inclusive, o direito de serem agressivos e desrespeitosos com a
condição humana?
Concordei
com todas as análises
feitas por profissionais e internautas sobre o comportamento das corocas do Cabo Branco ao propor o
fim de uma ação social em prol da inclusão da pessoa com deficiência. Quem
ergueu a voz ou empunhou a pena tocou na ferida. Verifica-se nas entrelinhas do
ato a escândalos idade de uma mentalidade preconceituosa, higienista,
excludente e arcaica. Ela anda sempre se fingindo de morta. Momentos, porém,
como o atual parece favorecer o seu arrogante desabrochar.
Outra
proposta indecorosa das
quatrocentonas senhorinhas, de acordo com a vereadora, seria a instalação de portões para isolar a
praia, ou seja, criar um ambiente de acesso restrito. Uma praia particular. Não
me surpreende. Pelo desejo supremo da nossa caquética elite da capital com seu
impróprio nome, o tal muro ou portão deveria ser estrategicamente colocado a
altura da rua Tito Silva, nas proximidades do Clube Cabo Branco. Assim a ralé,
salvo talvez a descida dos blocos onde a "massa" serve pra fazer
números e bater recordes de público, só teria acesso nos dias úteis a trabalho.
Muito mal pago, diga-se de passagem.
A busca
pela otimização do
atendimento aos usuários dos serviços de saúde passa obrigatoriamente pela
qualificação dos profissionais. Isso é fato. Porém, há outra preocupação que
começa a se expandir no meio que é a atenção ao bem estar desse segmento. A
consciência que se forma é que um profissional desequilibrado, física e
mentalmente, atuando em um ambiente estressante não rende bem. Assim como, um
local onde possam relações humanas insalubres não rende boa produção por mais
qualificação ou destreza laboral que o profissional ostente.
Ações
é que não faltam nesse
sentido. O "Cuidando do Cuidador" é uma das
iniciativas que atendem a essa necessidade. A proposta do movimento é
introduzir técnicas de autoconhecimento, aliadas a práticas integrativas, para
promover a saúde integral dos profissionais da saúde. Seguindo essa inspiração,
o Hospital Santa Isabel, de João Pessoa, criou o “Espaço Florescer” para realizar procedimentos terapêuticos de apoio
a saúde física e mental dos servidores.
Mais uma
iniciativa partiu da
Secretária de Saúde de Cabedelo, via Coordenação de Saúde Mental, que na última semana
detonou um processo de multiplicação de promotores de saúde mental, uma
alternativa possível para o arejamento dos ambientes de trabalho com a saúde.
São propostas e ações direcionadas, preponderantemente, a saúde do trabalhador,
mas sobretudo ao atendimento dispensado ao usuário final dos serviços de saúde.
Investir na humanização é levar em conta todos os elos da corrente.
*Jornalista, cronista e poeta