O futebol é a paixão nacional. As outras, em ordem aleatória são, a corrupção, a solidariedade oportunista, o jeitinho brasileiro, a mulher do próximo, o ecumenismo não-praticante e a cachaça benta. Todo brasileiro, por mais tosco boleiro que seja, já deu um chute numa lata velha ou carcaça de coco. Quando não, perdeu a cabeça dos dedos aperfeiçoando a técnica de chutar tampinhas nas calçadas. Quem não já andou assoviando, a plenos pulmões, um “vai, vai Brasil”. Ou ainda, paraibanamente, se embasbacou por alguns segundos diante da TV, durante a transmissão de um jogo chinfrin com a narração de uns e comentários desafinadíssimos de outros.
Nós, paraibanamente falando, também armamos nossa pantomima nesse circo para não fugirmos da máxima. O futebol é paixão, esporte da unidade nacional, então nada mais natural que montarmos por aqui uma republiqueta independente de praticantes, amantes e apologistas do esporte. Aficionados ingênuos, comentaristas medianos, repórteres esforçados, associações licitas e ilícitas, ligas de peladeiros, e um bando de outras instituições, como num chamado místico, travestem-se de “desportistas”, tão somente para circular ou figurar debaixo da lona do Grand International Circle Foot Ball.
Só que, paraibanamente falando, nosso circo tem a lona furada. É um circo pobre, desses que gravitam miseravelmente nas periferias até das cidades periféricas. Daqueles que só tem para oferecer de diversão o esforço inútil e risível dos “artistas” para dar espetáculo com elementos improvisados. Daqueles onde a féria diária que alimentaria a bailarina encarquilhada ou possibilitaria cordas novas para os trapezistas suicidas quase sempre acaba nas mãos do palhaço ladino e da bailarina gorda, personagens pra lá de bufões, porém pais-dos-porcos.
O futebol, paraibanamente falando, anda longe demais do centro das acontecências. E tem-se explicação para isso. Toda estrutura do futebol brasileiro foi montada para criar o centro e as periferias, num processo inteligente e engenhoso. O centro é onde o verdadeiro espetáculo, a excelência, acontece. A periferia, onde a escória luta para sobreviver. A partir do aparecimento do Clube dos
Até nos aspectos administrativos a Paraíba faz uma caricatura do que ocorre nacionalmente. A CBF, entidade máxima do futebol brasileiro, não é nenhum exemplo de democracia. Por lá, qualquer presidente que assuma não quer nem ouvir falar
por Edson de França