Estrelas não caem do céu.
Elas brotam do chão, vez em quando,
como flores.
São únicas, inimitáveis,
raras tão somente.
Solitárias.
A terra as retém e é-lhes estéril,
suga-lhe o sumo e o viço da entrega.
Pela perenidade de apego,
de compreensão, de seiva humana,
a hostilidade campeia ao seu redor.
Frágeis,
da natureza das flores,
em pedra sobre pedra,
apedrejando-se qual masoquistas,
artifices da inglória arte do conviver.
Caem, decerto,
mas se revigoram
e brilham sob o olhar de toda a gente.
Como místicos vagalumes, andaluzes,
ciganos da noite e do dia,
sobrevivem para o espanto geral.
Quando se vão
o amálgama luminar
de beleza e vida e cor e voz
que as definiu
mora no éter,
eternizando-as.
terça-feira, 23 de dezembro de 2008
terça-feira, 9 de dezembro de 2008
Tema do amor vivido
um amor chão e terra
ímpar como uma foto três por quatro
tese minha,
toda a simplicidade chique da erva daninha.
deixai o amor de céu e sonho aos poetas
(aqueles que não vivem)
nessa utopia,
nosso céu é o dia a dia.
Impulso/1997
ímpar como uma foto três por quatro
tese minha,
toda a simplicidade chique da erva daninha.
deixai o amor de céu e sonho aos poetas
(aqueles que não vivem)
nessa utopia,
nosso céu é o dia a dia.
Impulso/1997
A imargem do rio
Nos chãos onde pisou meu pai
Piso eu, agora,
só
Meu pai foge para a margem do rio
para pilotar jangadas frágeis.
De seu,
o sorriso menino, brincalhão,
os teréns de uma vida inteira,
a gagueira interminável
difícil de dizer "alô"
que não diz: se vai.
Nos chãos onde pisou meu pai
pisei eu, agora,
só
os passos estão lá,
estão aqui onde piso
e pisa meu pai comigo, consigo.
Impulso/1997
Piso eu, agora,
só
Meu pai foge para a margem do rio
para pilotar jangadas frágeis.
De seu,
o sorriso menino, brincalhão,
os teréns de uma vida inteira,
a gagueira interminável
difícil de dizer "alô"
que não diz: se vai.
Nos chãos onde pisou meu pai
pisei eu, agora,
só
os passos estão lá,
estão aqui onde piso
e pisa meu pai comigo, consigo.
Impulso/1997
Não, não olhai apenas o campo - Dia de Bingo (poema revisitado)
dias de terra e poeira
vermelha como o sangue vertido
mulheres sãs em modelitos de antanho
jovens, new look, vitrine viva
de um tempo particular
procissão de bicicletas
num culto a velocidade e ao ruminar dos dias.
olhai, amigo,
olhai não apenas o campo desnudo
com suas distâncias a perder de vista
seus longuíssimos horizontes
parecendo desabitados.
olhai a liga humana que o compõe
que se esconde em suas dobras, caminhos,
curvas, verde ralo, mata espessa e cinza,
casebres malanjambrados e esconchos.
olhai,
olhai o vigor, a força, a beleza
e a esperança e o contentamento
dessas gentes, amigo,
também a se perder de vista.
Impulso/1997
vermelha como o sangue vertido
mulheres sãs em modelitos de antanho
jovens, new look, vitrine viva
de um tempo particular
procissão de bicicletas
num culto a velocidade e ao ruminar dos dias.
olhai, amigo,
olhai não apenas o campo desnudo
com suas distâncias a perder de vista
seus longuíssimos horizontes
parecendo desabitados.
olhai a liga humana que o compõe
que se esconde em suas dobras, caminhos,
curvas, verde ralo, mata espessa e cinza,
casebres malanjambrados e esconchos.
olhai,
olhai o vigor, a força, a beleza
e a esperança e o contentamento
dessas gentes, amigo,
também a se perder de vista.
Impulso/1997
terça-feira, 18 de novembro de 2008
Sintonias Afoitas
Se tiver de vir
que venha de manso
mas com o dom da loucura
só pra fazer feliz
esses dois coraçoes
em sintonias afoitas.
que a partir de agora
tudo seja sério
palavras e gestos
que aquilo que toque
seja mais que sonho
seja só descobrir:
a saber que o amor
é bem mais que o som
de letrinhas gentis
contar quantas palavras
cabem no meio
da espressão solidão
que a saudade que mata
tortura, maltrata
ou até faz chorar
é bem mais que o tom
dolorido do ser
que se encontra sozinho.
P.S. Um pouco de música para uma terça-feira quente e uma ousadia (afoita) do compositor (meio frustrado, é certo) em mim!
que venha de manso
mas com o dom da loucura
só pra fazer feliz
esses dois coraçoes
em sintonias afoitas.
que a partir de agora
tudo seja sério
palavras e gestos
que aquilo que toque
seja mais que sonho
seja só descobrir:
a saber que o amor
é bem mais que o som
de letrinhas gentis
contar quantas palavras
cabem no meio
da espressão solidão
que a saudade que mata
tortura, maltrata
ou até faz chorar
é bem mais que o tom
dolorido do ser
que se encontra sozinho.
P.S. Um pouco de música para uma terça-feira quente e uma ousadia (afoita) do compositor (meio frustrado, é certo) em mim!
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
Apresentação - IMPULSO
Os poemas publicados recentemente sob a rubrica de Impulso fazem parte de uma exposição realizada por mim, na Biblioteca Central da UFPB, em 1997. Foram incluídos na Exposição, cerca de 25 poemas que compunham um esboço de um livro, a ser lançado sob esse título. O livro não saiu, mas os poemas continuaram ao meu redor como crias pedindo visibilidade. Aproveito, oportunamente, o espaço do blog para dar-lhes um pouco de presença, como um pai que não negligencia suas crias, sobretudo, quando elas continuam soprando diuturnamente alguma coisa ao ouvido, pedindo revisitação, ressignificações, ajustes. Abaixo, reproduzo a Apresentação da exposição, cujas idéias expostas, de certa forma, ainda mobilizam o impulso poético do poeta encarnado em mim.
XXXX
Em vários poemas escritos durante a trajetória de zil poetas, a temática gira em torno do ato de escrever poesia (o que faz algumas pessoas serem poetas) ou sobre os elementos que inspiram os poetas (O que os move ou "comove"). Essa é uma temática eterna: Porque escrevemos? O que nos move? Uma resposta definitiva, provavelmente é impossível. Talvez o que nos mova seja a possibilidade de contactar o outro, numa linguagem específica, em um território neutro, onde cada um (sejam poetas da palavra, do traço, dos atos ou da vida, os que não emitem som algum ou aqueles multissonantes ou, simplesmente, aquele que pára em frente a um mural para fruir um poema) tenta tão somente tocar o outro. Um toque sensual, profundo, humano. A poesia não deve ser apenas um exercício interno, íntimo, apesar de ser, em muito fruto de uma atividade solitária. Um olhar que vagueia. Solitário. Uma observação mais acurada sobre a vida que se descortina nas ruas ou nos recônditos complexos de um outro ser. O IMPULSO primeiro, aquele que move o ser em direção ao objeto desejado ou a qualquer outro objetivo, de onde emana a resposta afirmativa e a repulsa descontrolada, cada qual por sua razão particular, é em parte o que explica a ação. IMPULSO é a ação do poeta na produção, no martelar dos erros, na malhação dos poemas, reelaborando-os, jogando muitos fora, não reconhecendo plenamente a paternidade de alguns, assumindo outros e reconhecendo, por fim, na linguagem de outros escribas, coisas que gostaria de ter dito. Essa é a ação poética, o exercício que não se esgota em alguns poemas, prolonga-se pela vida a fora, quando não se tem que, visceralmente, compor um único poema. Mas, mesmo nesses casos, a ação é válida. É, definitivamente, tudo uma questão de IMPULSO.
(Edson de França – Nov/1997)
p.s: em alguns poemas publicados note-se a expressão “poema revisitado”. Trata-se de uma certa intromissão do autor em poemas há muito escritos.
XXXX
Em vários poemas escritos durante a trajetória de zil poetas, a temática gira em torno do ato de escrever poesia (o que faz algumas pessoas serem poetas) ou sobre os elementos que inspiram os poetas (O que os move ou "comove"). Essa é uma temática eterna: Porque escrevemos? O que nos move? Uma resposta definitiva, provavelmente é impossível. Talvez o que nos mova seja a possibilidade de contactar o outro, numa linguagem específica, em um território neutro, onde cada um (sejam poetas da palavra, do traço, dos atos ou da vida, os que não emitem som algum ou aqueles multissonantes ou, simplesmente, aquele que pára em frente a um mural para fruir um poema) tenta tão somente tocar o outro. Um toque sensual, profundo, humano. A poesia não deve ser apenas um exercício interno, íntimo, apesar de ser, em muito fruto de uma atividade solitária. Um olhar que vagueia. Solitário. Uma observação mais acurada sobre a vida que se descortina nas ruas ou nos recônditos complexos de um outro ser. O IMPULSO primeiro, aquele que move o ser em direção ao objeto desejado ou a qualquer outro objetivo, de onde emana a resposta afirmativa e a repulsa descontrolada, cada qual por sua razão particular, é em parte o que explica a ação. IMPULSO é a ação do poeta na produção, no martelar dos erros, na malhação dos poemas, reelaborando-os, jogando muitos fora, não reconhecendo plenamente a paternidade de alguns, assumindo outros e reconhecendo, por fim, na linguagem de outros escribas, coisas que gostaria de ter dito. Essa é a ação poética, o exercício que não se esgota em alguns poemas, prolonga-se pela vida a fora, quando não se tem que, visceralmente, compor um único poema. Mas, mesmo nesses casos, a ação é válida. É, definitivamente, tudo uma questão de IMPULSO.
(Edson de França – Nov/1997)
p.s: em alguns poemas publicados note-se a expressão “poema revisitado”. Trata-se de uma certa intromissão do autor em poemas há muito escritos.
Impulso III (poema revisitado)
Claro que meus olhos,
viandantes por natureza,
tinham que parar em tuas curvas sinuantes,
mirar tuas formas cheias,
os abismos de tua passagem,
a possível moradia do ser em ti
(e os vértices moldados
por jeans provocantes),
mas,
acho que não buscava teus olhos.
(Impulso/1997)
viandantes por natureza,
tinham que parar em tuas curvas sinuantes,
mirar tuas formas cheias,
os abismos de tua passagem,
a possível moradia do ser em ti
(e os vértices moldados
por jeans provocantes),
mas,
acho que não buscava teus olhos.
(Impulso/1997)
Impulso II
Um amor em cada porto
cheiro de novidade, aventuras
Essências inebriantes
das solitárias paixões inverossímeis
transas únicas
marcantes olhares, gulas
adeuses rápidos, sem rascunhos:
até um dia, outra hora
um outro dia, um outro amor
outros sóis, outros solos, pedras
o o tesão faz, refaz caminhos
de desejo, afronta
a pequenez da estática
solidão monogâmica.
(Impulso/1997)
cheiro de novidade, aventuras
Essências inebriantes
das solitárias paixões inverossímeis
transas únicas
marcantes olhares, gulas
adeuses rápidos, sem rascunhos:
até um dia, outra hora
um outro dia, um outro amor
outros sóis, outros solos, pedras
o o tesão faz, refaz caminhos
de desejo, afronta
a pequenez da estática
solidão monogâmica.
(Impulso/1997)
terça-feira, 11 de novembro de 2008
Impulso
Beijo na boca
do
mundo.
Pela janela do ônibus,
um segundo de muito prazer em conhecer
Sem o medo
do novo a cada parada
O transe, o trânsito,
a pressa.
o passo rápido, a face imóvel,
o olhar atento,
o beijo, a minúcia
do anúncio dentrifício
(no outdoor, todos os dentes mordem o mundo)
(Impulso/ 1997)
do
mundo.
Pela janela do ônibus,
um segundo de muito prazer em conhecer
Sem o medo
do novo a cada parada
O transe, o trânsito,
a pressa.
o passo rápido, a face imóvel,
o olhar atento,
o beijo, a minúcia
do anúncio dentrifício
(no outdoor, todos os dentes mordem o mundo)
(Impulso/ 1997)
Janelas
Hoje nao quero proferir palavra
apenas meu olho esquerdo falará
ele tem pretensão de fechar-se
de abrir janelas
e de projetar filmes.
Nao,
nao quero palavras
nem discursos esquemáticos
aos meus pés de ouvido
deixe-me apenas o piscar de um farol humano
ou um fragmento de imagem
(instantâneos flertes descuidados)
que é tua nudez mais sensata.
(Impulso/1997)
apenas meu olho esquerdo falará
ele tem pretensão de fechar-se
de abrir janelas
e de projetar filmes.
Nao,
nao quero palavras
nem discursos esquemáticos
aos meus pés de ouvido
deixe-me apenas o piscar de um farol humano
ou um fragmento de imagem
(instantâneos flertes descuidados)
que é tua nudez mais sensata.
(Impulso/1997)
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
D'alma da noite
Uma canção sem obrigação
De dizer nada, é só
uma canção
(uma emoção enclausurada)
Até que uma taça de vinho
Trame assim
(combinando acordes, cheiros)
zil promessas de carinho.
De dizer nada, é só
uma canção
(uma emoção enclausurada)
Até que uma taça de vinho
Trame assim
(combinando acordes, cheiros)
zil promessas de carinho.
terça-feira, 28 de outubro de 2008
Prova!
Prova!
Bastam-me os sabores da palavra
A saliva, doce,
Tinta-anis
O embate, o amor
Uma Praga revisitada
Um 68 agridoce
Essa insustentabilidade.
Bastam-me a fixação do olhar
A lágrima, o sal
Grafite-gris
frescor de conquista nova.
Bastam-me os sabores da palavra
A saliva, doce,
Tinta-anis
O embate, o amor
Uma Praga revisitada
Um 68 agridoce
Essa insustentabilidade.
Bastam-me a fixação do olhar
A lágrima, o sal
Grafite-gris
frescor de conquista nova.
Grito
Cercanias do medo
Colapso, estertor
Espasmo, câimbra
Rua, rua escura
Ponte, ponte dos homens
Nenhum passante pra ver a pantomima, o desteatro
O terror, o lancinante imblóglio
Só a solidez da solidão, esse muro
Essa caveira e seus olhos vivos a postos.
Colapso, estertor
Espasmo, câimbra
Rua, rua escura
Ponte, ponte dos homens
Nenhum passante pra ver a pantomima, o desteatro
O terror, o lancinante imblóglio
Só a solidez da solidão, esse muro
Essa caveira e seus olhos vivos a postos.
Data
Folha
Vôo
(ritmo, inexorabilidade)
Não pára na esquina,
Não
Não Conversa com estranhos
Não
Não espera na estação qualquer de um lugarejo apátrida.
nada por entre os sulcos
Do tempo
(face)
Vaga
(ampulheta- amarelidão)
Não dá ouvidos pros rogos
Mãos
Preces mortais
Quer o prazer de ser efêmera
Vaza por entre os sulcos
Do tempo
(face)
Vôo
(ritmo, inexorabilidade)
Não pára na esquina,
Não
Não Conversa com estranhos
Não
Não espera na estação qualquer de um lugarejo apátrida.
nada por entre os sulcos
Do tempo
(face)
Vaga
(ampulheta- amarelidão)
Não dá ouvidos pros rogos
Mãos
Preces mortais
Quer o prazer de ser efêmera
Vaza por entre os sulcos
Do tempo
(face)
Costura rota para amores tardios
O poema saiu roto
Calça jeans envelhecida
(vestida)
Por uma mulher de lua
(farsante)
Prata, prata, perfídia
Perda-pingente.
O poema saiu-me torto
Bananeira incrustada
(apensa)
Nas encostas de um qualquer lugar
(radiante)
Verde, verde que te quero
Luz- abismos.
O poema saiu morto
Cachorro sarnento, vadio
(sarjetas)
De onde emanavam miasmas
(torrentes)
Negros, blues, furtacores
Vinda-vida.
O poema saiu-me absorto
Libélula de metal voraz
(sede)
Ziguezague espalhafato
(vertente)
Rosas, marrons, carvão
Corrente-totem.
Calça jeans envelhecida
(vestida)
Por uma mulher de lua
(farsante)
Prata, prata, perfídia
Perda-pingente.
O poema saiu-me torto
Bananeira incrustada
(apensa)
Nas encostas de um qualquer lugar
(radiante)
Verde, verde que te quero
Luz- abismos.
O poema saiu morto
Cachorro sarnento, vadio
(sarjetas)
De onde emanavam miasmas
(torrentes)
Negros, blues, furtacores
Vinda-vida.
O poema saiu-me absorto
Libélula de metal voraz
(sede)
Ziguezague espalhafato
(vertente)
Rosas, marrons, carvão
Corrente-totem.
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
sem título
A bala abala a lingua, a boca
o doce exótico limão
quem toca nao fica de touca
mal de amar é solidão.
o doce exótico limão
quem toca nao fica de touca
mal de amar é solidão.
ouvendo o mundo criança (poema)
a palavra galinha
tinha sabor de criancice
e dentes cor de açafrão.
era de obliqua forma
tingida de elegante amarelo-girassol.
No mundo adulto,
já de fantasia desnuda,
o melão de são caetano tinha lá sua graça.
tinha sabor de criancice
e dentes cor de açafrão.
era de obliqua forma
tingida de elegante amarelo-girassol.
No mundo adulto,
já de fantasia desnuda,
o melão de são caetano tinha lá sua graça.
Momentum (poema)
sei quem sou
vejo-me no espelho,
esqueço. Às vezes
armo um escárceu
um parque assistematico
ando com gente que me entende
e outras a quem nao desejo decifrar
nem me ponho ao natural
tomo todas, mas
é melhor nao tocar nisso por hora
(tomemos a próxima!)
Hoje a embriaguez há de nos pertencer.
vejo-me no espelho,
esqueço. Às vezes
armo um escárceu
um parque assistematico
ando com gente que me entende
e outras a quem nao desejo decifrar
nem me ponho ao natural
tomo todas, mas
é melhor nao tocar nisso por hora
(tomemos a próxima!)
Hoje a embriaguez há de nos pertencer.
sábado, 4 de outubro de 2008
Sábio Shaw para um sábado
"As pessoas que vencem neste mundo são as que procuram
as circunstâncias de que precisam e,
quando não as encontram,
as criam". Bernard S. Shaw
as circunstâncias de que precisam e,
quando não as encontram,
as criam". Bernard S. Shaw
.......
fazer uma proeza de lascar o cano
entrar no circo e rasgar o pano
alegria de palhaço e fera
e ver o circo pegar fogo
pois nem tudo o que manda a vida
tem-se que estar de acordo.
entrar no circo e rasgar o pano
alegria de palhaço e fera
e ver o circo pegar fogo
pois nem tudo o que manda a vida
tem-se que estar de acordo.
quinta-feira, 2 de outubro de 2008
Carolice
Nunca mais tive coragem de participar de concursos de poesia, ou literários de qualquer ordem. Um misto de indolência e preguiça. Quando recebo a informação de que um novo concurso está abrindo inscrições me empolgo. Por um segundo ou dois. Depois que olho as regras, os procedimentos para se candidatar aos prêmios, desisto. Pelo trabalho e pelos prêmios. Premiação dos concursos é irrisória. A grande maioria serve tão somente prá você acumular no seu currículo, um primeiro, segundo ou terceiro lugares ou uma menção honrosa. Nada contra os concursos, sou até entusiasta deles, mas nao tenho muita disposição em participar. Participei de vários durante a vida. Talvez por escrever mal, nunca tive a chance de abocanhar um primeiro lugar. Para não passar a história como um escrevinhador bissexto que jamais ganhou um prêmio em concursos, fui agraciado com um segundo lugar em um promovido pelo Sesc, do qual nao me lembro o ano, mas mantenho uma plaquinha em latão amarelo para provar. Reproduzo aqui o poema vencedor, tão somente como forma de registrar o feito; pmieiro aqui, depois em algum livro que por ventura venha a lançar.
Carolice
Não casou
emagreceu por livre e expontânea
I
N
F
E
L
I
C
I
D
A
D
E
aos quarenta era uma senhora bruxa
ao natural
sem a graciosidade dos biscuits
que enfeitiçam paredes.
Carolice
Não casou
emagreceu por livre e expontânea
I
N
F
E
L
I
C
I
D
A
D
E
aos quarenta era uma senhora bruxa
ao natural
sem a graciosidade dos biscuits
que enfeitiçam paredes.
terça-feira, 30 de setembro de 2008
Sorrisos (poema)
apenas rabiscos dos teus lábios
giz
nao são tantos, nem tão plenos
para compor um colar de faz-de-contas
Dão um bom pingente, isso sim
(original, digamos)
presente da vida para deleite meu
pingo de mel
que posso fruir, se quiser
a hora que bem entender
quesses fragmentos gentis
jogados ao léu
nao pertendem a ninguem:
(nem a ti que os disparas,
por inconsequente;
nem a minha poesia tarda)
Vou catando enquanto passeias
e monto, qual dedicado artesão,
um rosário fatal de imagenzinhas
zinhas, instantâneas
e é só.
giz
nao são tantos, nem tão plenos
para compor um colar de faz-de-contas
Dão um bom pingente, isso sim
(original, digamos)
presente da vida para deleite meu
pingo de mel
que posso fruir, se quiser
a hora que bem entender
quesses fragmentos gentis
jogados ao léu
nao pertendem a ninguem:
(nem a ti que os disparas,
por inconsequente;
nem a minha poesia tarda)
Vou catando enquanto passeias
e monto, qual dedicado artesão,
um rosário fatal de imagenzinhas
zinhas, instantâneas
e é só.
Os dentes do sol (poema)
para Larissa Costa
é do traço infantil
o solzinho que surge rindo
no canto da página.
é um meio astro,
coadjuvante apenas,
num reino de casinhas vazadas,
borboletas cor-de-rosa
e papais e mamães definidos
mas uma luzinha arteira se impõe
e o rei astro- rei brilha
mostrando a todos seu riso de puro ouro.
é do traço infantil
o solzinho que surge rindo
no canto da página.
é um meio astro,
coadjuvante apenas,
num reino de casinhas vazadas,
borboletas cor-de-rosa
e papais e mamães definidos
mas uma luzinha arteira se impõe
e o rei astro- rei brilha
mostrando a todos seu riso de puro ouro.
quinta-feira, 25 de setembro de 2008
Lugar
onde se pisa
para onde se olha
onde se penetra
enregelando colunas cervicais
onde se beija
onde se cospe
onde desmineraliza-se
onde as carnes são azuis,
abissais
onde se toca
(soliloquiuns onanis)
onde se ouve falar
não se sabe d'onde
onde as vezes cala-se
as dores dos amores findos
onde chora-se pelos ancestrais
onde se briga
onde se encarnece
devora-se a carne dos temporais
onde se desanda a rir
onde você esporra
e, só depois, goza.
para onde se olha
onde se penetra
enregelando colunas cervicais
onde se beija
onde se cospe
onde desmineraliza-se
onde as carnes são azuis,
abissais
onde se toca
(soliloquiuns onanis)
onde se ouve falar
não se sabe d'onde
onde as vezes cala-se
as dores dos amores findos
onde chora-se pelos ancestrais
onde se briga
onde se encarnece
devora-se a carne dos temporais
onde se desanda a rir
onde você esporra
e, só depois, goza.
segunda-feira, 2 de junho de 2008
Sobre a música
"Música é vida interior... E quem tem vida interior, jamais
padece de solidão". (Arthur da Távola)
padece de solidão". (Arthur da Távola)
sexta-feira, 30 de maio de 2008
Abraço aos nômades
Gente de passagem, passageiros
Como beija-flores batendo asas
Até atingir a evanescência
Gente que nos olha, e chora
E ri dos mesmos motivos
Que nos move e aproxima
Gente que abraça, e beija a boca
E sai feliz, numa celebração de vida
Anima de pirata que nos saqueia
com carinho, malícia
Gente que nos penetra
Com sua alegria, seus cuidados
Suas atenções descompassadas e ilógicas
Gente que nos recebe, e
Traz o copo d´água do pote
Bendita pela amizade e pelo encontro
Gente que vem, e vai
Exultantes, exulberantes
Como a aparição do arco-iris
Numa dessas tardes gris.
Como beija-flores batendo asas
Até atingir a evanescência
Gente que nos olha, e chora
E ri dos mesmos motivos
Que nos move e aproxima
Gente que abraça, e beija a boca
E sai feliz, numa celebração de vida
Anima de pirata que nos saqueia
com carinho, malícia
Gente que nos penetra
Com sua alegria, seus cuidados
Suas atenções descompassadas e ilógicas
Gente que nos recebe, e
Traz o copo d´água do pote
Bendita pela amizade e pelo encontro
Gente que vem, e vai
Exultantes, exulberantes
Como a aparição do arco-iris
Numa dessas tardes gris.
Esperando
Paramento-me
Espero a tempestade
Como um copo, um acorde solto,
Sem solução, ou melodia vaga
Há solidão e solidez do segundo impenetrável
Nenhuma carícia, riso, aceno
ou prenúncio favorável
Sob a pele, ainda, um argumento chulo
Como uma fonte pétrea, uma luz mortiça
Que parcamente ilumina...
(De pele, essa couraça de repelir lágrimas)
Choro, enfim, por dentro
Como um rio que transborda, sangra e fere
Essas margens imaculadas.
Espero a tempestade
Como um copo, um acorde solto,
Sem solução, ou melodia vaga
Há solidão e solidez do segundo impenetrável
Nenhuma carícia, riso, aceno
ou prenúncio favorável
Sob a pele, ainda, um argumento chulo
Como uma fonte pétrea, uma luz mortiça
Que parcamente ilumina...
(De pele, essa couraça de repelir lágrimas)
Choro, enfim, por dentro
Como um rio que transborda, sangra e fere
Essas margens imaculadas.
domingo, 20 de abril de 2008
Inacabado
Talvez
o que a gente chama de amor
seja só
cumplicidade da carne
e da dor
se nao se (nos) pertencer
eu e você
somos sós
um retrato de nós
enredados na irrealidade
dos nossos lençóis.
o que a gente chama de amor
seja só
cumplicidade da carne
e da dor
se nao se (nos) pertencer
eu e você
somos sós
um retrato de nós
enredados na irrealidade
dos nossos lençóis.
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008
Frase
Fiquemos com Oscar Wilde...
"Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe".
"Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe".
Esperança
Balula
"Viver e não ter a vergonha de ser feliz"... de assumir posições e condições. Negro, homossexual, envolvido com o Movimentos negro e homossexual, João Balula era uma dessas personalidades, de seu modo particular, marcante. Arauto da cultura popular, artista plástico a frente das alegorias de sua Malandros do Morro, compositor, ator... múltiplo. Se foi... deixa (de fato) uma lacuna... Sua passagem pela vida "deveria servir de exemplo pra esses nego pai joão" que andam por aí. Valeu, João!
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008
Banda Podre
Fiz 42 anos. Entre bem e mal vividos dias, cheguei incólume a essa data. Me sinto como Drumond: 40 anos vividos e nenhum problema resolvido, sequer colocado. Também não sei se quero ver resolvidas algumas coisas. Gosto do meu jeito, amo o que consegui até aqui. Vivo como Deus manda e minha consciência dita. Não tenho do que lamentar, perdas ou outras coisas. Sigo em frente, amando amar a vida e as pessoas que realmente valem a pena. Aos da Banda Podre, aqueles que não tem coragem de nos enfrentar, ou tem raiva da nossa capacidade e que se escondem atrás de pseudônimos, aqui vai o meu escárnio e minha indiferença. Tenho dito!
Bandas
Criei as bandas sonoras para ilustrar as crônicas e artigos que publico no Patos Online. Aqui vão ser postadas as outras bandas que criei. A Bandas astral, alegre, bandalheira e outras (como a mais recente Banda Podre). O conteúdo e o espírito de cada uma delas vocês vão descobrir aqui.
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Bandalheira
Porque hoje é sábado, dia da criação, a boa é jogar a minhoca n’água da Lagoa do Parque Sólon de Lucena, ou numa similar qualquer por essa Paraíba a fora, para pescar umas traíra. Recomenda-se, entretanto, o uso de preservativo na isca.
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Dia bom pra ouvir Derréis cantar que no Jatobá tem uma novidade, “que inventaram o banhe de praia do sabo pro domingo”. Depois mergulhar no bicho e tomar umazinha de Pitú com paparote de traíra. Eita! Dizem os astros que depois de um procedimento desses, o cristão estará pronto pra qualquer encosto durante uma semana toda.
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Bandalheira
Longo período favorável pra galera das política visitar o supermercado para renovar seu estoque de óleo de Peroba. Se forem atuais donos de mandato recomenda-se usar os recursos públicos e as verbas de gabinete. Afinal se a saúva não acabou ainda com esse país, não é uma meia dúzia de caras de pau que vai conseguir. Mas os meninos tão se esforçando!
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Banda alegre
Pai Gilbertô de Ossain, refestelado em seu peji, em Santo Amaro, diz que irá cair na folia nesse carnaval. Antes, porém, estará de retiro macumbal nos dias que antecedem o tríduo momesco. Informa ainda que, os orixás recomendaram para o período uma dieta corporal a base de bofe. “De elite, viu”!, acrescentou revirando os olhos rimelados. Eita, santin!
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Banda Astral
Período ma-ra-vi-lho-so para se fantasiar de quenga. Recomendável para varões de todas as idades, identidades sexuais e signos. É importante porém saber que côco depois de partido e ralado, “não volta pro coqueiro nem pra ser catemba”. Palavras da salvação.
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Banda astral
Para as nativas de caranguejeira. Saiam para a luz. Deixem de ser tímidas, meninas. Abram suas asas, soltem a fera presa sob esse manto de pelos. Agora que o povo já sabe que vocês nem são tão venenosas assim como suas irmãs de decanato, as nativas de tarântula da América Central, podem até ser aceitas socialmente. Porém, para não comprometer a estética, não soltem pelos em publico. Pode sufocar alguém, assim... por acidente.
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Banda astral
Nativas de jaburu da matinha contenham-se. O período não é bom para aparecer na janela e ficar, qual a Carolina de Chico Buarque, olhando a vida alheia. Tá certo que olhar a vida dos outros é a única diversão que resta em suas insignificantes existencias. O mesmo Chico Buarque, grande astrólogo, já tinha previsto que a feia à janela pode desafinar a banda que passa.
Acredito que rir ainda é o melhor remédio. Tirar sarro do ridículo humano, então, nem se fala.
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Bandalheira
Porque hoje é sábado, dia da criação, a boa é jogar a minhoca n’água da Lagoa do Parque Sólon de Lucena, ou numa similar qualquer por essa Paraíba a fora, para pescar umas traíra. Recomenda-se, entretanto, o uso de preservativo na isca.
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Dia bom pra ouvir Derréis cantar que no Jatobá tem uma novidade, “que inventaram o banhe de praia do sabo pro domingo”. Depois mergulhar no bicho e tomar umazinha de Pitú com paparote de traíra. Eita! Dizem os astros que depois de um procedimento desses, o cristão estará pronto pra qualquer encosto durante uma semana toda.
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Bandalheira
Longo período favorável pra galera das política visitar o supermercado para renovar seu estoque de óleo de Peroba. Se forem atuais donos de mandato recomenda-se usar os recursos públicos e as verbas de gabinete. Afinal se a saúva não acabou ainda com esse país, não é uma meia dúzia de caras de pau que vai conseguir. Mas os meninos tão se esforçando!
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Banda alegre
Pai Gilbertô de Ossain, refestelado em seu peji, em Santo Amaro, diz que irá cair na folia nesse carnaval. Antes, porém, estará de retiro macumbal nos dias que antecedem o tríduo momesco. Informa ainda que, os orixás recomendaram para o período uma dieta corporal a base de bofe. “De elite, viu”!, acrescentou revirando os olhos rimelados. Eita, santin!
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Banda Astral
Período ma-ra-vi-lho-so para se fantasiar de quenga. Recomendável para varões de todas as idades, identidades sexuais e signos. É importante porém saber que côco depois de partido e ralado, “não volta pro coqueiro nem pra ser catemba”. Palavras da salvação.
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Banda astral
Para as nativas de caranguejeira. Saiam para a luz. Deixem de ser tímidas, meninas. Abram suas asas, soltem a fera presa sob esse manto de pelos. Agora que o povo já sabe que vocês nem são tão venenosas assim como suas irmãs de decanato, as nativas de tarântula da América Central, podem até ser aceitas socialmente. Porém, para não comprometer a estética, não soltem pelos em publico. Pode sufocar alguém, assim... por acidente.
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Banda astral
Nativas de jaburu da matinha contenham-se. O período não é bom para aparecer na janela e ficar, qual a Carolina de Chico Buarque, olhando a vida alheia. Tá certo que olhar a vida dos outros é a única diversão que resta em suas insignificantes existencias. O mesmo Chico Buarque, grande astrólogo, já tinha previsto que a feia à janela pode desafinar a banda que passa.
Acredito que rir ainda é o melhor remédio. Tirar sarro do ridículo humano, então, nem se fala.
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