terça-feira, 24 de abril de 2007

O mundo anda de ponta cabeça mesmo. O último número da revista Caros Amigos traz uma longa matéria interrogando o que é ser de "esquerda" neste momento. Ainda não li a matéria, mas voltarei a falar dela. Antes de ler, contudo, quero perguntar: num mundo onde o suspeito PFL ousa trocar de nome para assumir um inadequado chavão DEMOCRATA, o que é mesmo ser esquerda ou direita?

Vôo filosófico do pássaro diáfano

O Pássaro Diáfano é um projeto poético. Não é apenas um livro de poemas, desses paridos a sombra. Quero-o como um grito pela condição humana do pós-tudo ou do pré-nada. Do limbo da existência, do vazio dos princípios, da insustentável tentação de não pertencer-se. Das conversações transadas, das balas trocadas com instituições e potências. Da guerra de guerrilha desses alvoreceres e ocasos do caos. O pássaro diáfano sobrevoa essas notas...

sábado, 21 de abril de 2007

Ilimitados (poema)

Poemas não começam no começo
Nem se encerram no fim...

O poema é feito do inexaurível.
Do incontido nas gentes e nas coisas

O poema cheira a brotos, nascituros,
filhos de toda a raça,
belezas em formação...
Coisas de beijar pela novidade.

Mas, os poemas,
nossos camaleões léxicos,
crias do ninho da indignação,

Tem de conter de putrefação,
esmaecer de carnes,
ocasos, perdas ...
.inconclusões.

O poema não tem que ser heróico, épico,
conformista, trágico,
moral, bonitinho,
desonestidades de fim de semana.

qualquer elo que o aprisione, dome,
ou bestialize.

Os poemas tem que ser ilimitados,
assim... como não devem boiar
na superfície das palavras.

segunda-feira, 2 de abril de 2007

Virtual (poema)

Nâo me veja corpóreo
Não estrague
Minha vestimenta de ouro

Não me tome corpóreo
não rasgue
meu discurso semitorto

Não me espere corpóreo
nao me largue
aos fundos do calabouço

não me tenha corpóreo
nao me pague
com suas moedas de osso

Me possua como sou agora
corda retesada sobre
o passadouro das almas.
(Edson de França)

A propósito...

A última cartunada de Régis – a desta semana - é uma espinafrada bem dirigida ao fenômeno de audiência e bestialização chamado Big Brother Brasil. Um jumento sentado numa poltrona assistindo ao programa. Quem precisa de análises mais profundas para entender a mensagem. Cabe debate? Cabe, mas recado e posicionamento crítico estão tomados. Quer mais?

Crônica-cartum de rua

A cidade de João Pessoa já se acostumou a ter cônicas-cartuns na rua. Trata-se do trabalho do cartunista Régis Soares que, em pílulas semanais, traz para a rua uma contribuição para o debate público. Questões do dia a dia na política local e nacional, petulâncias e gafes administrativas, e questões outras da vida nacional compõe o cardápio do artista. Sem maiores recursos, cumpre um papel no cotidiano dessa velha e anacrônica senhora, infensa ao sabor de determinados temas. Se o meio de comunicação faz a “agenda” pública de discussões, os mini outdoors de Régis Soares cumprem muito bem essa missão.

Humor pra se comer

O trabalho dos cartunistas e cronistas é quase sempre de circulação restrita, uma vez que sua produção é divulgada nos jornais e, infelizmente, não somos muito fâs de jornais por essas paragens. Por outro lado, os meios mais populares de comunicação – Tv e rádio – não se dispõe servi-la como iguaria no seu menu. Fala-se em inadequação de linguagem, formato e etc A internet explora bem, mas ainda não é dos meios mais acessíveis. Advogamos, porém, a necessidade de massificar o cartum. Pensamos no teor “pedagógico” do mesmo. É necessário rir ou, no mínimo, receber injeções de crítica para pensar e se posicionar. Seria salutar termos produções de cartunistas nas ruas, nos muros, nos outdoors. Crônicas que prescindem do signo verbal, porém, donas de um poder de síntese inigualável, são produtos da comunicação mais genuína e formativa do senso crítico.

Cronistas de palavra e traço

Junte capacidade de análise, humor, crítica, posicionamento frente às questões políticas sociais e terás nas mãos um cronista das palavras. O Brasil já teve grandes representantes dessa raça. A benção Machado de Assis, Stanislaw Ponte Preta, Rubem Braga e Paulo Mendes Campos. A benção a todos aqueles cuja leitura causou-me verdadeiros deleites e aprendizados. A benção F. Pereira Nóbrega, Nathanael Alves e Gonzaga Rodrigues. A benção aos conterrâneos contemporâneos militantes, cultores e defensores dessa prática. Se as capacidades supracitadas, no entanto, forem acrescidas de um toque artístico, debochado no traço e na verve, terás, então, um cronista um pouco diferente, ou melhor, um cartunista. Esse analista do cotidiano não se esconde atrás de palavras, de relativismos ou subterfúgios verbais, como nos permite a palavra; sua ação é direta e, na maioria das vezes, corrosiva. Também não somos desprovidos de espécimes dessa fauna. A benção Aparício Torelli, o Barão de Itararé, A benção Millor Fernandes, a benção Regis Soares. A benção, então, a todos aqueles que conseguem traçar essa união de talentos para a felicidade geral da “nação” da galhofa e da crítica.

(Dicas II) www.pointsul.com.

Esse cronista que vos fala colabora, juntamente com o jornalista Vicente Campos, com o site http://www.pointsul.com/. O site é um empreendimento do jovem Lidiano Germano, no intento de fazer uma espécie de jornalismo comunitário no bairro dos Bancários e adjacências, zona sul da capital paraibana. Merece uma força!

(Dicas) www.ancomarcio.com

Um site para quem gosta de crônicas? Simplesmente, http://www.ancomarcio.com/ . Dê uma passadinha lá. Creio que não vai se arrepender. Além do bom texto, garantido pelo nível dos colunistas, você ainda ficará por dentro de algumas notícias diárias, comentários e análises sobre fatos do cotidiano. Também, alguns petardinhos críticos sobre os profissionais e a produção televisiva e radiofônica da terrinha e do país. O site é atualizado diariamente, o que garante sempre novidades. Além, claro, do humor mordaz que sempre foi o cartão de visitas de Anco.

domingo, 1 de abril de 2007

Pablo, o entrevistador

O ditado “cavalo dado não se olha os dentes” pode, a partir desse sábado à noite, ter adquirido outro sentido. E eu espero que a inteligência do povo o capte e o popularize. Reparem, caros telespectadores, na dentadura cavalar do seu mais novo candidato a repórter-celebridade. Não pela dentadura em si – temos dentuços maravilhosos circulando por aí -, mas pelo que a criatura pode representar em termos de futilidade televisiva, amadorismo e medianidade mental. A “biba oxi-chapinhada”, em sua estréia, troca, no melhor sentido da palavra, figurinhas com a entrevistada - a recém citada Narcisa Tamborindégui -, cada qual querendo vender seu peixe, aparecer, fazer figura, brilhar, enfim coisas de que o alpinismo sócio-televisivo nutre suas carnes. Nojeira! Uma entrevista entrecortada, que sugere por um lado, erros terríveis dos dois envolvidos e gafes mútuas e, por outro, um processo de edição gigantesco. Entrevistem os hercúleos editores dessa preciosidade, por favor! Talvez mais interessante, para a salvaguarda da inteligência nacional, é que fosse ao ar o making off, só para a pobreza rir e descobrir com quantos quilos de maquiagem e glacê se produz celebridades de papel. Daí, talvez, a Tv cumprisse um papel social inestimável.
Peruagem

Narcisa Tamboridégui faz jus ao nome que carrega. Prá ela tudo que não é espelho é terrivelmente feio, pobre. Narcisa é a mostra três por quatro, lambe-lambe, sem retoques, da decadência. E não é uma decandence avec elegance que nos dizia o Big Wolf, por que até a elegância no vestir e no falar da criatura são questionáveis. Não importa que ela more a beira mar, vizinho ao Copacabana Palace e soletre, - como todo papagaio de pirata que se preze - que é amiga íntima das celebridades da hora. Se o Copa representa, hoje, sinal de um tempo perdido, de um glamour improdutivo e sanguessuga, Narcisa encarna o pior desse passado inútil e um presente de reminiscências e torpor. Narcisa parece sempre chapada, como um comentário ridículo na ponta da língua, uma futilidade qualquer para expor, uma brincadeirinha de mau gosto – jogar ovos pela janela do apartamento, por exemplo – para contar e um sorriso doentio. Uma alegria “fake”. Ou seja, tudo aquilo que a população brasileira não precisa nesse momento. Peruagem, meus amigos, fora!
Viva a Noite II

Noutro vacilo do meu controle remoto, esbarro em três criaturas bizarras, sendo atração do programa. A TV do Baú sempre prezou por esses expedientes. Narcisa Tamboridégui sendo entrevistada por um tal Pablo, num papo fútil e desinteressante. Besterira - prá nao usar outra palavra num blog que se preza - pura! Mas o programa reserva mais: o punk de vitrine, filhinho de papai e mamãe e quarentão mais adolescente do Brasil, Supla, sendo entrevistador. É dose, né não?
Viva a noite

Reestreou o programa Viva a Noite, atração do Sistema Brasileiro de Televisão comandada por Gugu Liberato durante anos. Desta vez, ele vai ao ar comandado pela cantora baiana, Gil. Não perdi meu tempo assistindo ao programa, mas como sou um zapeador contumaz, um surfista das ondas televisivas, passei por lá e em segundos pude notar que algumas coisinhas permanecem iguais. O pintinho amarelinho que encheu nossa paciência por anos a fio está vivo. Popularizado pelo antigo titular do programa e sua musiquinha irritante, o pintaroco ainda está lá, todo prosa. Na Tv brasileira é sempre assim. Melhor seria, a nós telespectadores, cantarmos como a cantiga da perua é de pió a pior. A inteligência e a criatividade da TV brasileira nos assombram.